Roda da economia ganha dinamismo com modalidade de contratação de atividades fora do core business
FABRÍCIO SOARES – DIRETOR-EXECUTIVO DA FOCO INTELIÊNCIA DE RELACIONAMENTO
Nos anos 1900, o americano Henry Ford revolucionou as formas de produção vigentes e implementou a total automatização dos processos industriais de sua fábrica de automóveis. Com o protagonismo das máquinas, Ford reduziu a complexidade das tarefas de montagem a alguns poucos e repetitivos movimentos humanos.
A estratégia “fordista” produziu em larga escala um modelo exclusivo, o “Ford T”, o que simplificou ainda mais os processos produtivos. Mas o mundo mudou e o “fordismo” desnudou suas limitações.
Foi então que, na segunda metade do século XX, o japonês Eiji Toyoda, fundador da Toyota, implantou um modelo industrial mais flexível e enxuto, fabricando automóveis com base em pesquisas de mercado, evitando encalhes, e contratando mão de obra especializada em todas as fases de produção, diminuindo a necessidade de contratação de novos trabalhadores em períodos de mudança no mercado.
Foi nesse contexto que surgiu o fenômeno do outsourcing – terceirização –, modelo de produção que externaliza a consecução de atividades a prestadores de serviço que não fazem parte do quadro próprio de funcionários das empresas. Trata-se de uma técnica de gestão administrativa e operacional que virou uma tendência mundial e que vem sendo implementada em diversos segmentos econômicos, inclusive no setor público, por causa da economia que gera em folhas de pagamento e do acesso a serviços especializados que proporciona.
A terceirização está envolta em polêmicas sobre direitos e responsabilidades. Contudo, alheios às polarizações, pequenos empresários estão de olho nas vagas desocupadas pelos celetistas que ainda precisam ser preenchidas e que podem incentivar a formação de mercados especializados na oferta de recursos humanos específicos a setores como limpeza e conservação, segurança, processamento de dados, contabilidade e comunicação. Segundo pesquisa feita em 2016 pelo Sebrae, 41% das micro e pequenas empresas viam a terceirização das atividades das grandes e médias empresas como uma oportunidade de negócios.
Além disso, a terceirização é uma alternativa para a geração de empregos em uma nação cujo percentual de desempregados chega a 10%. Uma pesquisa do IBGE realizada em 2015 apontou que cerca de 20% da mão de obra do país era terceirizada. Trata-se de um contingente de 9,8 milhões de trabalhadores terceirizados, em um total de 51,7 milhões de empregados.
Mas, atenção: terceirizados podem influir na reputação das companhias, mesmo não estando diretamente subordinados a elas. Grandes corporações, como a Nike, já sofreram problemas de reputação por causa de situações envolvendo terceirizados. Além disso, o acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) amplifica a divulgação de informações que podem causar impacto positivo, neutro e negativo às empresas geradas por atores não estão diretamente ligados às empresas-mãe.
Nesse sentido, em um cenário que envolve o compartilhamento de responsabilidades entre quem terceiriza e quem prestas serviços, delinear boas estratégias e ações comunicacionais é fundamental para a longevidade dos negócios. O que está em jogo é capacidade de as empresas serem valoradas positivamente pelos seus stakeholders.
Na busca por resultados dialógicos positivos, a racionalidade pode levar à conclusão de que, em lugar de estruturar mais um departamento burocrático ou de conferir os planejamentos comunicacionais a gestores que acumulam funções, é mais vantajoso terceirizar a comunicação organizacional a quem entende do assunto. Essas consultorias existem, ofertam serviços economicamente viáveis e estão à altura do desafio. Bem-vindos ao futuro!