ESG e Gestão de Comunidades

Você, meu amigo gestor de meio ambiente, responsabilidade social, relações institucionais ou comunicação social, já deve ter ouvido falar dessa sigla em algum momento nos últimos meses! No inglês significa Environmental, Social and Governance, e na sigla “aportuguesada” virou ASG, ou seja, Ambiental, Social e Governança.

 

Mas, afinal o que é ESG?

O conceito ganhou força no mercado de capitais e hoje faz parte do dialeto de empresários e investidores. É visto como diretriz para o desenvolvimento dos negócios a médio e longo prazos. Serve de indicador para acompanhamento de resultados de performance e aquisição de financiamentos nacionais e internacionais.

Em resumo, ESG ou ASG é uma nova nomenclatura dada pelo mercado de capitais para o conceito original de sustentabilidade. OTriple Botton Linerecebeu uma nova roupagem, mas na sua essência continua trabalhando a gestão de projetos pelo prisma ambiental, social e econômico. Porém, apresenta uma novidade: a transparência com os públicos de relacionamento, ou seja, a governança!

 

E na prática, como funciona o ESG?

Para facilitar a compreensão, vamos separar as letras e dividir em eixos temáticos de atuação.Vamos apresentar na prática como cada eixo – ou letra – se traduz em frentes de atuação

Ambiental: alterações do clima e da paisagem, histórico de atuação ambiental, responsabilidade no uso de recursos naturais e controle da poluição.

Social: bem-estar e saúde do trabalhador, impactos sociais e econômicos nas comunidades, responsabilidade na relação com clientes, saúde e segurança como valor de negócio.

Governança: diálogo transparente com todos os públicos, garantira dos direitos dos acionistas e investidores, comunicação e gestão de riscos, responsabilidade fiscal, políticas anticorrupção e antidiscriminação, comportamento ético, cumprimento da legislação.

Sabemos que o Brasil possui uma legislação ambiental bastante densa, rigorosa e complexa. Seguir a legislação ambiental brasileira é uma premissa para o desenvolvimento sustentável, embora seja um grande desafio devido a sua complexidade e níveis de restrição.

Porém, para garantir a sustentabilidade é preciso atuar para além do que a legislação exige. Deve-se pensar nas ações do presente para garantir o futuro de toda cadeia produtiva. As decisões devem ser tomadas de forma ética e legal, dialogadas, embasadas em dados e parâmetros concretos e científicos. Só assim os resultados serão assertivos, assegurando a aplicação correta dos investimentos em ESG.

 

Como o conceito de ESG se conecta com a gestão de relacionamento com comunidades? 

Essa é uma pergunta que estamos constantemente em busca de respostas. Deve ser uma busca contínua e conjunta. Talvez não exista uma resposta única e definitiva, mas com base em nossas experiências em projetos de relacionamento e estudos socioambientais e econômicos podemos indicar alguns caminhos que podem ajudar você em suas reflexões e conclusões.

A gestão de relacionamento com comunidades, a partir da ótica do ESG, deve ser feita com envolvimento contínuo dos seus públicos de relacionamento. A percepção dos públicos sobre a atuação da empresa nos eixos temáticos -já apresentados acima nesse artigo- é fundamental para se planejar programas, intervenções e investimentos.

É preciso escutar, dialogar e checar em campo – in loco – a percepção das comunidades sobre os impactos, os projetos socioambientais em andamento ou a serem implantados, a percepção sobre sua comunicação e o que poderia ser feito para potencializar as vocações de um determinado território.

Por meio de diagnósticos aprofundados é possível identificar potencialidades e fragilidades. Mapear grupos de interesses e as vulnerabilidades em cada território. Assim é possível reorientar a estratégia de investimento socioambiental a partir da escuta ativa e da participação social no processo decisório.

 

É possível medir e monitorar os resultados?

Para garantir resultados na gestão de relacionamento com comunidades é preciso considerar indicadores de execução dos programas e projetos, mas também indicadores de efetividade. Ou seja, qual foi a transformação real que aquele investimento levou para o território. Esses indicadores precisam ter conexão com os valores e a cultura empresarial para não virar apenas um discurso vazio.  É preciso gerar valor de verdade para toda a cadeia do negócio.

Na FOCO, desenvolvemos um método chamado Mapa da Vulnerabilidade. Com ele é possível, acompanhar os indicadores de vulnerabilidade em um mapa online geo referenciado. A base de dados é alimentada por meio de diagnósticos de monitoramento socioeconômico realizados de forma periódica por nossa equipe. Assim, é possível medir se os investimentos socioambientais nas comunidades estão realmente impactando nos indicadores sociais.

De acordo com o Atlas da Vulnerabilidade e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o índice de vulnerabilidade é composto pelos três componentes sociais abaixo:

  • Infraestrutura Urbana – que procura refletir as condições de acesso aos serviços de saneamento básico e de mobilidade urbana.
  • Capital Humano – que envolve aspectos relacionados à saúde e educação e que determinam as perspectivas atuais e futuras de inclusão social dos indivíduos.
  • Renda e Trabalho – que agrupa indicadores relativos à insuficiência de renda presente e fatores que configuram um estado de insegurança de renda.

Consigo garantir a efetividade dos resultados?

Para analisar a efetividade dos investimentos socioambientais e de relacionamento é preciso ouvir a comunidade. A escuta aprofundada garante a alimentação dos indicadores de forma quantitativa, mas, também traz opiniões, expectativas e feedbacks qualitativos que compõem a análise final e a proposição das estratégias.

Com os indicadores de resultados criados e estabelecidos, o esforço seguinte é o monitoramento periódico e a comunicação eficiente para os públicos de relacionamento.

Sempre que preciso, verificar ajustes e correções de rotas dos investimentos sociais, ambientais e econômicos. E a comunicação social dever ser a principal ferramenta para estabelecer relacionamentos e manter canais de diálogo abertos entre a empresa e seus públicos.

Fica claro, portanto, que o principal ganho para a empresa ao estabelecer suas práticas de ESG junto às comunidades, é a assertividade na tomada de decisão. Assim, é possível decidir sobre priorização de investimentos, negociações de compensações ambientais e sociais, critérios para análise de vulnerabilidades e as melhores formas de comunicação e diálogo com as partes envolvidas.